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Textos

Para ler e sentir

A proposta da redação é trazer o sentido da palavra para o campo dos afetos.

 Poemas, textos e reflexões a cerca do mundo em que vivemos.  

O que pode a racionalidade?

1+1=2. É isso e pronto.
E assim a sociedade desemboca em repleto fazer sem sentir.
A razão toma muito espaço, ela precisa de contextos e respostas que acabam com qualquer possibilidade, tudo isso para encontrar a “verdade” baseada em fatos que chamamos de “reais”.


O que pode a racionalidade? Ela é essencial para organizar tudo isso que tateamos e nomeamos. Mas só ela pode dizer como as coisas são? A intuição está no outro lado da ponta pedindo para ser ouvida, é necessário compreender o que ela diz.

As vezes a razão entra para evitar a emoção, e então refletimos a figura da estátua grega, que pensa, pensa e pensa, mas será que existe? Uma existência sem sentido (sentir), vale?.


Troque as respostas por perguntas, coloque o talvez nas suas ideias, pois, é justamente na incerteza que o desembaraço acontece. Na busca de um motivo ou razão entramos em guerra e não somos capazes de permitir a força da intuição, do abstrato e até da dúvida que abre uma nova dimensão de perceber as coisas de dentro/fora.

Tem que crescer

Pra viver bem o ser humano sai por aí criando modos de operar. Desde muito cedo apegam-se em algum jeitinho de ser, seja para conseguir algo ou seja para agradar o Outro.

Disso não se cria problema de fato, afinal foi o jeito que lhe coube e te fez ser o que se é.

O problema é operar do mesmo modo enquanto tudo muda. Você não é o mesmo de lá pra cá, então não adianta persistir com o mesmo modus operandi. Cria-se um.

Tem que haver novas operações e não tem jeito, é disso que a vida se trata.

Essa é a moeda que se paga para amadurecer.

 

Texto: Vinicius Xavier, psicanálise.

Fotografia: artista desconhecido. “O olhar como penetração profunda”

Sustentação

Lá no início, bem no começo de tudo… o ambiente era estável, ameno e tranquilo. A lei se é que tinha uma, era não ter esforço, tensōes ou angústia. Tudo era preenchido e nada mais.
De repente você é expulso desse ambiente seguro, afinal é hora do parto.

A angústia está instalada e o medo do ambiente também, nada parece ser tão confortável como costumava ser.

Seu alimento passa a vir de fora, um leite que aparece e desaparece. E você chora compulsivamente a cada sinal da falta.
Pouco tempo depois a casa muda, escola, família, rua, amores… simplesmente muda, e qualquer tipo de estrutura “concreta” se torna mais frágil do que papel molhado. E então tudo continua suspenso, desconfortável e angustiante.

Está aí, não adianta evitar.
A angústia também revela a falta de sustentação, o modo como ela aparece quando o ambiente está mudando ou quando não se tem amparo, físico e mental.
Não adianta fugir. No nascimento o cordão umbilical foi cortado e agora não tem mais útero e sim essa imensidão do mundo.

Sustente-se.Sempre.
Texto: Vinicius Xavier, Psicanálise.
Imagem: Ocean Dream, Vinicius Xavier

 

Entre encontros e barrancos

O outro não pede licença, ele está ali e não vai sair. Você vai se esbarrar, cuidado!
É necessário ir de encontro e ao encontro do Outro para poder ter a noção de quem se é – não é fácil, mas é preciso e não exato. Entende? Você não decide, acontece.

É hora de desatar os nós dos antigos encontros, deixar fluir os caminhos e entroncamentos, é hora de andar por ai e deixar ser tocado, afetado… esbarrado (pelo outro). É hora de diminuir a defesa e a fantasia que te afasta e te isola do que o objeto a frente tem a lhe apresentar.

A gente faz o caminho contrário para evitar a dor do tranco. Não é?

Mas sabe o que dói mais nesse percurso? É não se perceber fluído, corrente, transitivo e mutante. O que se prefere é permanecer parado, duro, defeso contra tudo, contra a vida contra os encontros e os barrancos.

Imagem: relação no espaço, autor desconhecido.

Texto: Vinicius Xavier – Psicanalista.

Vinicius Xavier - Doctoralia.com.br

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